terça-feira, 16 de outubro de 2012

Narrativa Fantástica.



Talvez porque na minha alma viesse crescendo uma melancolia terrível por causa de uma circunstância que já estava infinitamente acima de todo o meu ser: mais precisamente – ocorrera-me a convicção de que no mundo, em qualquer canto, tudo tanto faz. Fazia muito tempo que eu vinha pressentindo isso, mas a plena convicção surgiu no último ano, assim, de repente. Senti de repente que para mim dava no mesmo que existisse um mundo ou que nada houvesse em lugar nenhum. Passei a perceber e a sentir com todo o meu ser que diante de mim não havia nada. No começo me parecia sempre que, em compensação, tinha havido muita coisa antes, mas depois intuí que antes também não tinha havido nada, apenas parecia haver, não sei por quê. Pouco a pouco me convenci de que também não vai haver nada jamais. Então de repente parei de me zangar com as pessoas e passei a quase nem notá-las. De fato, isso se manifestava até nas mínimas ninharias: estou, por exemplo, andando na rua e vou dando encontrões nas pessoas. E não era por andar mergulhado em pensamentos: sobre aquilo que eu tinha que pensar, já então cessara completamente de pensar: tudo me era indiferente. E se ao menos eu tivesse resolvido as questões; ah, não resolvi nenhuma, e quantas havia? Mas para mim tudo ficou indiferente, e as questões todas se afastaram.




Do segundo conto de "Duas narrativas Fantásticas", intitulado "O sonho de um homem ridículo" de Fiódor Dostoiévski - 1877. 
Por ter tido a felicidade de conhecer a Thaís neste fim de mundo que agora chamo de casa, pude ter o imenso prazer de ler esse conto fantástico. Que coisa...

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Sem título.

E sem vontade de escrever...



terça-feira, 2 de outubro de 2012

Perdas.



O país, de uma forma generalizada, parou para comentar a perda de uma apresentadora de TV. Oquei, relativa importância sei lá para quem, conduta elegante, pioneirismo, bitocas....nada disso me parece suficientemente importante, mas a minha opinião também não é lá tão relevante! Na verdade, não é nem um tiquinho relevante. Todavia, a perda de um intelectual como Eric Hobsbawm é, inegavelmente, algo triste. Mas há o consolo de saber que o trabalho intelectual de tal porte é imortal... O que não pode-se dizer com tanta certeza sobre os programas de tv.


PS: apesar da imensa tristeza, não cheguei a derramar lágrimas de desgosto quando soube da morte do Hobsbawm, mas me lembrei como se fosse hoje de um pesadelo que tive há muitos anos e que deve se tornar uma profecia: sonhei com a morte de Fidel Castro e a reação à notícia foi de uma tristeza imensurável e um choro incontrolável, mas todos que estavam ao meu redor riam do meu pesar...