Faz tempo que tenho me mantido afastada de tudo e todos e isso é completamente proposital. Embarquei em uma jornada dolorida para tentar entender um pouco do que eu sou e as descobertas não têm sido lá aquelas coisas. Pensei que em um mundo onde tanta gente ganha dinheiro com livros de 'auto ajuda', talvez fosse possível me auto ajudar por meio de relatos aleatórios sobre minha vida. Eu gosto de escrever, logo, não custa tentar né...
O texto que segue tem a ver com minha mania de reparar nos pés de todo mundo. Não é fetiche, gente, é complexo mesmo.
Parte I – A infância: dos piolhos ao pé grande.
Quando tento me recordar da minha infância nos longínquos anos 80 e em meio a um lugar que de tão pitoresco sequer existia no mapa, a primeira lembrança que vem à cabeça foi um episódio ridículo sobre piolhos. Sim, piolhos. Eu era piolhenta. Claro que peguei piolhos várias vezes, mas me lembro de apenas uma, sei lá por qual razão...Vejamos, eu estava na primeira ou segunda série do primário, tinha cabelos compridos, cacheados e castanhos, ou seja, um prato cheio para qualquer piolho que queira uma vida modesta, com casa própria, família, etc. Até então, achava que era completamente ausente da culpa de abrigar os pobres piolhos na minha cabeça, que coçava muito e tornava os bebês piolhos extremamente reluzentes naquela cabeleira negra. Todavia, minha inocente crença foi abaixo quando minha mãe descobriu a existência dos mesmos e constatou que a família era bem grandona. O primeiro chilique da mamis foi porque eu havia deixado a família hospedeira crescer....e depois tomou o rumo normal para aquela situação: muito veneno na cabeça e operação pente fino – bem, esse era o nome oficial para a tortura de crianças que pegavam piolhos por livre e espontânea vontade. Ai, ai, tão linda e doce infância!
Além de piolhenta, minha linda condição de criança se resumia ao fato de ser a única um pouco amarelada no meio de um monte de descendentes de italianos – o que me fazia me sentir um E.T. e em algumas várias ocasiões, chegar à conclusão de que eu era adotada, isto para ser um pouco mais racional, claro. Era o foco das piadas com propagandas da época, como o maldito tênis bamba e o salgadinho sticks – quem nasceu nos anos 80 vai entender. Resumidamente, era um bichinho do mato, com aparência estranha, comportamento subversivo (piolhos) e pés enormes para a minha idade. Sim, eram enormes e toda a família fazia questão de comentar a respeito. Acho tão maravilhoso a união familiar! Um engajamento levado ao extremo com um único objetivo: traumatizar uma criança por causa dos pés grandes. Ahh, eu não quero parecer coitada, gente, mas quem já me viu “outdoors” com os pés fora de um allstar ou um calçado fechado???
Eu calço o mesmo número desde que eu tinha 11 anos, com a singela diferença de que quando eu tinha 11 anos, não tinha a mesma altura que tenho hoje. Tenso, muito tenso.
Obs: o pé invejado é da Iara...
Nenhum comentário:
Postar um comentário